TUDO A FAZER DE CONTA…
Longe vão os tempos em que o
Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, era considerado a grande vedeta do nosso
Governo. O imprescindível homem do leme do barco de Passos Coelho. Aquele que
iria conseguir o milagre da consolidação das nossas contas públicas e devolver
a credibilidade internacional de Portugal.
Hoje, e designadamente depois de
ter revisto em baixa as projecções macroeconómicas para 2013,Vítor Gaspar é para
a totalidade da oposição, simplesmente um Ministro incompetente, que não acerta
nas previsões que faz…para não dizer, o principal responsável pelo índice de
recessão económica e pela elevada taxa de desemprego que o país enfrenta…e que
urge substituir.
Tudo isto, apesar de sob a égide
de Vítor Gaspar, Portugal ter efectivamente recuperado a credibilidade externa
e ter conseguido regressar aos mercados antes do previsto. E de por estes dias,
quase todos os países da Zona Euro, incluindo alguns dos nossos mais
importantes parceiros comerciais, como a Alemanha, a França e a Espanha estarem
a rever em baixa os seus próprios indicadores económicos, fruto da actual
conjuntura internacional e da grande volatilidade que a caracteriza…
Além de não podermos esquecer que
a acção de Vítor Gaspar está fortemente condicionada por um programa de
assistência financeira internacional que ele não subscreveu, e que reclama,
inclusive, ter sido ab initio “mal
desenhado”.
Aliás, a propósito de Vítor
Gaspar, o ex Ministro do Governo de José Sócrates, Luís Amado, referiu
recentemente que: “sendo o Ministro das
Finanças uma peça essencial no processo de negociação e de implementação de um
programa, que apesar de tudo, das dificuldades e dos problemas que o país tem
conhecido, tem vindo a ganhar credibilidade do ponto de vista externo, a baixar
consistentemente o financiamento da economia portuguesa, as taxas de juro estão
em queda sustentada ao longo de muitos meses, penso que substitui-lo neste
contexto, seria um erro”.
É evidente que o Ministro das Finanças
ainda goza de capital de confiança. E que Passos Coelho dificilmente
prescindirá da sua colaboração.
Mas a verdade é que a vida de
Vítor Gaspar está cada vez mais difícil e a sua margem de erro é cada vez mais
curta. Não há espaço para mais medidas de austeridade, a intransigência
negocial da Troika é uma realidade
cada vez mais evidente e os portugueses anseiam por sinais imediatos de retoma,
de que os sacrifícios estão mesmo a valer a pena. E não tarda nada, está aí a
decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento de Estado…
Acresce que já se percebeu que o
Ministro das Finanças vai ser o principal alvo da moção de censura que o
Partido Socialista vai apresentar nos próximos dias na Assembleia da República,
como sendo o autor de todos os males. Moção que, obviamente, não visa derrubar
o Governo, nem sequer apresentar verdadeiras soluções alternativas, que de
resto, Seguro sabe que não tem. Mas que o Partido Socialista vai aproveitar
para reclamar de Passos Coelho e Vítor Gaspar a renegociação com a Troika do programa de ajuda financeira
que ele próprio, Partido Socialista, negociou quando esteve na governação do
país! O que é, por certo, tudo a fazer de conta, pois António José Seguro já se
apressou a assegurar à Troika que
cumprirá “todos os compromissos internacionais assinados pela
República portuguesa”.
Ou seja, mais uma vez, o Partido
Socialista tem um discurso para consumo interno e outro para o exterior,
designadamente para a “poderosa” Troika…
Também aqui, e para mal dos
portugueses, o Partido Socialista de Seguro não é muito diferente do de
Sócrates.
PAULO RAMALHO
Conselheiro
Nacional do PSD
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