20130409

opinião > PAULO RAMALHO



TUDO A FAZER DE CONTA…

Longe vão os tempos em que o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, era considerado a grande vedeta do nosso Governo. O imprescindível homem do leme do barco de Passos Coelho. Aquele que iria conseguir o milagre da consolidação das nossas contas públicas e devolver a credibilidade internacional de Portugal.
Hoje, e designadamente depois de ter revisto em baixa as projecções macroeconómicas para 2013,Vítor Gaspar é para a totalidade da oposição, simplesmente um Ministro incompetente, que não acerta nas previsões que faz…para não dizer, o principal responsável pelo índice de recessão económica e pela elevada taxa de desemprego que o país enfrenta…e que urge substituir.
Tudo isto, apesar de sob a égide de Vítor Gaspar, Portugal ter efectivamente recuperado a credibilidade externa e ter conseguido regressar aos mercados antes do previsto. E de por estes dias, quase todos os países da Zona Euro, incluindo alguns dos nossos mais importantes parceiros comerciais, como a Alemanha, a França e a Espanha estarem a rever em baixa os seus próprios indicadores económicos, fruto da actual conjuntura internacional e da grande volatilidade que a caracteriza…
Além de não podermos esquecer que a acção de Vítor Gaspar está fortemente condicionada por um programa de assistência financeira internacional que ele não subscreveu, e que reclama, inclusive, ter sido ab initio “mal desenhado”.
Aliás, a propósito de Vítor Gaspar, o ex Ministro do Governo de José Sócrates, Luís Amado, referiu recentemente que: “sendo o Ministro das Finanças uma peça essencial no processo de negociação e de implementação de um programa, que apesar de tudo, das dificuldades e dos problemas que o país tem conhecido, tem vindo a ganhar credibilidade do ponto de vista externo, a baixar consistentemente o financiamento da economia portuguesa, as taxas de juro estão em queda sustentada ao longo de muitos meses, penso que substitui-lo neste contexto, seria um erro”.
É evidente que o Ministro das Finanças ainda goza de capital de confiança. E que Passos Coelho dificilmente prescindirá da sua colaboração.
Mas a verdade é que a vida de Vítor Gaspar está cada vez mais difícil e a sua margem de erro é cada vez mais curta. Não há espaço para mais medidas de austeridade, a intransigência negocial da Troika é uma realidade cada vez mais evidente e os portugueses anseiam por sinais imediatos de retoma, de que os sacrifícios estão mesmo a valer a pena. E não tarda nada, está aí a decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento de Estado…
Acresce que já se percebeu que o Ministro das Finanças vai ser o principal alvo da moção de censura que o Partido Socialista vai apresentar nos próximos dias na Assembleia da República, como sendo o autor de todos os males. Moção que, obviamente, não visa derrubar o Governo, nem sequer apresentar verdadeiras soluções alternativas, que de resto, Seguro sabe que não tem. Mas que o Partido Socialista vai aproveitar para reclamar de Passos Coelho e Vítor Gaspar a renegociação com a Troika do programa de ajuda financeira que ele próprio, Partido Socialista, negociou quando esteve na governação do país! O que é, por certo, tudo a fazer de conta, pois António José Seguro já se apressou a assegurar à Troika que cumprirá “todos os compromissos internacionais assinados pela República portuguesa”.
Ou seja, mais uma vez, o Partido Socialista tem um discurso para consumo interno e outro para o exterior, designadamente para a “poderosa” Troika
Também aqui, e para mal dos portugueses, o Partido Socialista de Seguro não é muito diferente do de Sócrates.
 
PAULO RAMALHO
Conselheiro Nacional do PSD