A verdadeira
dimensão de Portugal está longe de se confinar aos seus 92.000 Km2 de
território e à sua população de pouco mais de dez milhões de habitantes.
Portugal possui uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas da Europa, com
cerca de 1.680.000 Km2 e tem, actualmente, mais de quatro milhões e meio de cidadãos
seus espalhados por cerca de 140 países do mundo. Segundo ainda dados do
Observatório da Emigração e da OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Económico), a França é actualmente a nação que concentra mais
portugueses e Santa Lúcia ou Ilhas Maurícias, os estados que registam menor
número. Sendo que estudos existem, que sugerem, que o número total de
portugueses e luso-descendentes até à terceira geração, no estrangeiro, rondará
os trinta milhões…com forte presença em países como o Brasil, Estados Unidos,
Canadá, Venezuela, Africa do Sul e França.
Mas o maior
activo de Portugal é claramente a sua língua, falada por mais de duzentos e
cinquenta milhões de pessoas em todo o mundo, o que lhe confere um estatuto de
universalidade.
Com efeito,
fruto desse período épico dos descobrimentos, dos sécs. XV e XVI, o Português é
hoje a quinta língua mais falada a nível mundial e a terceira das línguas
europeias, a seguir ao Inglês e ao Espanhol, sendo mesmo a língua oficial de
dez países: Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe,
Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Timor-Leste, Macau e, obviamente, Portugal.
Pelo que
mesmo enfrentando a crise económica e financeira que todos conhecemos e
sentimos na pele, Portugal está longe de ser o coitadinho da União Europeia,
como alguns parecem indiciar. Pelo contrário, Portugal tem uma dimensão
histórica e uma presença no mundo, que fazem dele, no actual contexto da
globalização, um dos actores de maior potencial, mesmo dentro da própria União
Europeia. Como alguém dizia, recentemente, Portugal é a plataforma natural para
aproximar a Europa da Africa e da América Latina.
Tanto mais,
que nesta altura, alguns dos países para quem a Europa olha com mais atenção, pertencem
precisamente ao espaço da Lusofonia, eixo de natural influência de Portugal.
Desde logo o Brasil, com cerca de duzentos milhões de habitantes e um dos
maiores exportadores de petróleo do mundo, país que já é hoje a economia mais
importante da América Latina. Angola, actualmente o segundo maior produtor de
petróleo de Africa e que será, seguramente, a maior economia deste continente
dentro de dez anos. E Moçambique, país que possui a quarta maior reserva de gaz
natural do planeta e que regista nos últimos anos, taxas de crescimento na
ordem dos 8%.
Mas Portugal
não é só um país com simples influência junto dos territórios lusófonos. Por
razões históricas e culturais, Portugal é, além do mais, um parceiro e um
interlocutor privilegiado no relacionamento com esses países. Aliás, refira-se,
que nenhuma outra nação conseguiu desenvolver uma relação de confiança,
cumplicidade e integração, mesmo de familiaridade, com as suas ex colónias,
como Portugal o fez.
Daí que a
estratégia de internacionalização da nossa própria economia deverá ser especialmente
reforçada junto dos países de língua oficial portuguesa. E reconheça-se, que
muitas das nossas empresas já começaram a construir esse caminho. Não é por
acaso que Angola é já o quarto destino das nossas exportações, a seguir a
Espanha, Alemanha e França. E na última Facim (Feira Internacional de
Moçambique) que teve lugar em Maputo, no final de Agosto de 2012, onde
estiveram representações de países como a Africa do Sul, Alemanha, Brasil,
China, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Indonésia, Itália, Malawi,
Namíbia, Polónia, Qatar, Quénia, Suazilândia, Turquia e Zâmbia, Portugal
participou com 140 empresas (empresas portuguesas e moçambicanas de capitais
portugueses…), claramente a maior delegação dos últimos anos, o que mereceu
inclusive a visita do nosso próprio Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo
Portas.
Por outro
lado, não podemos esquecer que a presença na economia do Brasil, significa o
acesso privilegiado aos mercados dos demais países associados ao Mercosul
(Mercado Comum do Sul), ou seja, da Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela,
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Da mesma forma, que a presença em
Angola e Moçambique, representa o acesso privilegiado ao espaço económico dos
demais países que fazem parte da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da
Africa Austral), ou seja, da Africa do Sul, Botswana, Republica Democrática do
Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia,
Zâmbia e Zimbabwe.
Por último,
voltemos novamente aos milhões de portugueses espalhados” pelos quatro cantos
do mundo.” Também eles, um activo importantíssimo na promoção e afirmação dos
interesses de Portugal na esfera internacional. Com efeito, muitos desses
cidadãos de passaporte português, plenamente integrados na vida social,
económica e mesmo política, dos respectivos países de acolhimento, são
potenciais embaixadores do nosso país, activo muitas vezes esquecido, e que
deverá ser melhor aproveitado pelos responsáveis da nossa diplomacia. O
“Conselho da Diáspora Portuguesa”, recentemente criado, foi já um passo
importante nesse sentido.
PAULO RAMALHO
Conselheiro Nacional
do PSD
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